Projeto DOSVOX


Sabor do Saber.


Os grandes nocautes da IgrejaCatólica

 


João Figueiredo.

      Durante longos séculos a Igreja Católica se sobressaiu como a única instituição universal. Sempre fora uma grande proprietária de terras e, no período em que imperou o modo de produção feudal, os integrantes do clero assumiam a condição de senhores feudais. Sustentara-se no status de mantenedora do “teocentrismo” (Deus como centro de tudo) até que começou a ser nocauteada. No campo da ciência foram quatro grandes nocautes, todos aplicados por homens velhos, de barba branca: Copérnico, Marx, Darwin e Freud; no campo teológico o principal nocaute foi aplicado por Lutero. O primeiro golpe científico veio com Nicolau Copérnico (1473-1543) e a sua teoria heliocentrista: o sol é o centro do universo então conhecido e não a terra como se pregava. A igreja tenta se recompor, mas o golpe estava aplicado e não há como reagir de imediato, como o fizera antes com Galileu Galilei. A dúvida passa a rondar as pessoas mais esclarecidas: se a terra não é o centro do universo como sempre se acreditou, o homem, feito à imagem e semelhança de Deus, também não tem a importância no contexto universal que se acreditava ter, logo, a hierarquia social que a Igreja sempre endossou também não passa de um reles detalhe...

      Karl Marx (1818-1883) publica em 1848, juntamente com Friedrich Engels, o “Manifesto Comunista” e, em 1867, o volume I da sua obra mais importante: “O Capital”. A teoria marxista viria demonstrar que o poder está na ação da classe e que a história de toda a humanidade sempre fora a história da luta de classes; para Marx, a religião é “o ópio do povo”, que entorpece, aliena os trabalhadores da sua condição de dominados pelos proprietários dos meios de produção sob os auspícios do Estado capitalista.

      Charles Darwin (1809-1882) publica em 1859 “A Origem das Espécies”, expondo a teoria da evolução das espécies e da seleção natural, contrariando o pressuposto de que Deus criara cada ser vivo tal qual se apresenta. O homem, diante dessa teoria, se nivela aos demais animais.

      Em 1885, Sigmund Freud (1856-1939) publica “Projeto para uma Psicologia Científica” e, posteriormente, revolucionaria o mundo com a tese de que é o inconsciente que nos governa, comanda nossas ações. Golpe irreparável para a idéia de que Deus determina, destina e controla a trajetória de todos os seres humanos, inspecionando e direcionando individualmente todas as suas ações.

      Se fizermos um recorte temporal entre a teoria de Copérnico e a obra de Marx, caberia a inserção de um pressuposto, religioso e não científico, mas igualmente danoso aos propósitos da igreja Católica de então: as teses de Martinho Lutero (1483-1546). Tornadas públicas em 1517, as 95 teses criticavam, dentre outras questões, a venda de indulgências pelo clero e a teoria da infalibilidade papal; essas teses resultaram num cisma da Igreja, fenômeno que ficou conhecido como Reforma Protestante. É claro que antes de Lutero houve outras tentativas no mesmo sentido que, embora não lograssem êxito o houvessem influenciado; depois dele também houve outras atuações no sentido de questionar os dogmas do catolicismo e redundariam noutras correntes protestantes (hoje intituladas evangélicas); dois líderes que se destacaram nessas ações foram Jean Cauvin ou João Calvino, na forma aportuguesada, (1509-1564) e Ulrico Zwinglio (1484-1531). Após esses golpes, abriu-se espaço para questionamentos das afirmações das autoridades religiosas, o que, em determinado período da história, significaria a morte numa fogueira sob a batuta do “Santo Ofício”. O poder político da Igreja reduziu e a luta dela para não perder espaço para os "evangélicos" tornou-se a regra. Entretanto, não se iluda quem julgar que ela morreu politicamente: sua força ainda vagueia sutilmente por entre as mais diversas instituições, sem reconhecer fronteiras geográficas...

Envie críticas e sugestões para joão figueiredo



Voltar para a página principal